A música e a vida: a realidade inconformista
A vida simples, as ruas das cidades, o trabalho e os sonhos alcançáveis neste mundo, esses são os temas de Bruce Springsteen. Os pés bem assentes no chão, uma energia invulgar, atenta, desperta, inquieta.
O lugar dos afectos nessa América inclui um dos seus símbolos, o carro. É o símbolo também de cidades inteiras, hoje quase abandonadas, dedicadas à indústria automóvel.
Bruce Springsteen é um dos rostos da América, o rosto da realidade vivida intensamente, concreta, genuína, inconformista.
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A música e a vida: a simplicidade inteligente
Este é um exemplo de uma composiço muito simples e, no entanto, de um colorido riquíssimo. Neil Young consegue essa magia: cores quentes, uma luz especial, sentimentos genuínos, e estamos a falar de música.
Mas também a estrutura da composição está muito bem engendrada porque se torna simétrica no final, como uma construção perfeita.
É a inteligência na sua maior simplicidade, na sua limpidez. Uma inteligência natural e quase selvagem, digamos não elaborada. E estamos a falar de música.
Nas suas composições surgem também atmosferas e descrições da vida simples de uma certa América.
As minhas composições preferidas de Neil Young são aquelas que misturam o folk e o country. A alegria simples e desprovida de artificialismos.
Se as nossas vidas se assemelhassem a estas composições de Neil Young, genuínas, vibrantes, coloridas e inteligentes na maior simplicidade, já repararam nas imensas possibilidades criativas?
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O mote musical para a nossa situação actual
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O cinema e a vida: envelhecer de forma simples, digna, livre, poética
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Um bébé real
Já aqui referi este casal tão simpático, logo após o anúncio do noivado. Lembraram-me, na sua simplicidade, tudo aquilo que os tempos actuais desvalorizam: a espontaneidade, a autenticidade, a alegria.
Entretanto, saltei aqui a cerimónia do casamento, que foi magnífica, como todos sabem. Mas hoje venho registar a notícia esperada: um bébé real.
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Os meus anos 70 – os anos felizes
Os meus anos 70 não foram todos eles felizes, houve anos muito bons e anos muito maus, pelo menos na forma como os senti. Mas os anos felizes, esses, estão para sempre ligados ao lado da saúde mental. Eu explico: a saúde mental está relacionada como o viver e deixar viver, com o respeito por si próprio e pelos outros, cultura que absorvi como uma esponja na infância e na adolescência.
Claro que esta máxima filosófica não era universal e muito do meu sofrimento posterior teve a ver com esse desajustamento, mas enfim… nesses anos de eterno verão essa máxima sobrepôs-se a todas as outras. Sentia-me feliz e estava rodeada de pessoas que se sentiam felizes. Não porque tivessem tudo o que materialmente se deseja num qualquer catálogo, mas simplesmente porque tinham o essencial: estavam vivas, de boa saúde, havia sempre legumes frescos na horta e fruta da época no quintal, as estações sucediam-se no tempo certo, a família estava unida para o melhor e para o pior, a primavera anunciava os meses de passeatas e mergulhos.
Havia uma sensação de desejo de futuro, e não era por ser adolescente, nos adultos sentia-se o mesmo. Havia uma sensação de novidade no ar, de promessas de novas experiências. Esta sensação misturava-se deliciosamente com uma sensação de conforto, de gratidão por estarmos todos ali, juntos, e não era preciso muito para fazer uma festa, um simples piquenique ou uma pequena viagem já eram uma aventura.
Hoje o que vejo à minha volta nada tem a ver com os meus anos 70. Há qualquer coisa de abafado e de opressivo, como se tivessemos recuado civilizacionalmente. A máxima saudável viver e deixar viver e o respeito por si próprio e pelos outros, perdeu-se no caminho. Se queremos manter a claridade de pensamentos e emoções temos de nos distanciar deste ruído constante e ir buscar essa brisa do eterno verão desses anos felizes.
Summer breeze sintetiza tudo. Há que resgatá-la dos nossos baús esquecidos, limpar o pó dos sótãos e das caves e tirar de lá fotografias de cores quentes e desmaiadas, para nos lembrarmos que já fomos assim, bem-humorados, gratos à vida, e felizes só por estarmos juntos.
Não estou a convidar ninguém para se alienar no passado, estou a propôr precisamente o contrário: resgatar a sua natureza original e autêntica para lidar de forma saudável com o difícil presente.
Nota breve: Escolhi a versão do Summer Breeze com o vídeo a lembrar as cores quentes das fotografias dos anos 70.
Já agora, na minha pesquisa sobre as composições dos Seals and Crofts (que desconhecia, só tinha fixado a sua brisa de verão), descobri estas duas, We May Never Pass This Way Again (with lyrics) e este delicioso You’re The Love. Dedico-as a todos os Viajantes que mantêm intacta a claridade dos anos felizes e que a sabem resgatar nos momentos difíceis.
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A simplicidade poética dos anos 40
Vislumbro hoje uma certa nostalgia em relação a uma simplicidade poética que associamos aos anos 40, o tempo da segunda guerra mundial, os documentários sobre Londres, os filmes americanos a preto e branco, onde os laços humanos, os afectos, ocupam o lugar principal.
Posso estar muito enganada - afinal vejo sempre as possibilidades das personagens para além do que revelam -, mas foi o que vi no parzinho William-Kate e o anúncio de um noivado, ela no seu vestidinho azul de corte simples, ele no seu fato e gravata.
É o que pressinto em muitos jovens que não se deixam deslumbrar por artifícios e procuram o essencial: colaborar de forma discreta na sua comunidade. O verdadeiro voluntariado é discreto, baseia-se na amabilidade e respeito, na consciência de que todos pertencemos a uma grande comunidade, a comunidade humana.
A par de uma atitude de eternos adolescentes mimados, que são precisamente os que dão mais nas vistas, os que fazem mais barulho, há muitos jovens que procuram viver de forma intencional e significativa, que procuram construir uma vida digna e autónoma, uma vida que concilia a simplicidade do essencial e a dimensão poética.
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Do Baú:
O sol libertou-se das nuvens
branco, sorridente
E as flores
cor de um rosa desmaiado
coraram num rosa-forte
a contrastar com o verde
das folhas
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Do Baú:
Há coisas que não mudam
permanecem iguais a si mesmas.
Como o Mosqueiro com os seus rochedos, imponentes,
a capela da Senhora da Confiança, muito branca,
a torre da igreja que bate agora as horas pontuais
e certos rituais como a missa de domingo
as mesmas palavras, os mesmos gestos
as mesmas imagens, os mesmos santos.
("Do tempo dos sonhos", Beira Baixa, 1985)
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Do Baú:
Amanheceu
o céu cobriu-se de nuvens
uma névoa cinzenta desceu lentamente
O rio ficou cor de chumbo
Sons familiares chegam de longe
sons que vibram docemente dentro de mim
A tonalidade cinza da névoa sobre as coisas
envolve-as de mistério
mesmo as mais simples